Mini curso de Extensão: Hannah Arendt: pensando o século XXI
Publicado em 29 de janeiro de 2020
Hannah Arendt

A Profa. Dra. Mariangela Moreira Nascimento promoverá o Mini curso de Extensão: Hannah Arendt: pensando o século XXI. O curso é resultado de parceria entre o Grupo de  Estudos Feministas em Política  e Educação  (GIRA) e a Pró-Reitoria de Extensão  (PROEXT).

 

Inscrição:   https://inscricaosiatex.ufba.br/inscricaoSiatex/login.jsf

Relatório: 7472

Senha: hannah

Período: De 13 de fevereiro a 13 de março de 2020.

Carga horária: 24 horas

Evento com certificação

Local: FFCH (sala a confirmar)

Horário: Das 14h às 17h

PROGRAMAÇÃO

HANNAH ARENDT – PENSANDO O SÉCULO XXI


Primeiro encontro: 18 de março
A CONDIÇÃO HUMANA – animal laborans e homo politicus
As mudanças históricas promovidas pela modernidade resultaram numa inversão de valores, afirma Hannah Arendt, essas mudanças tiveram origem com a eliminação da fronteira que separava a esfera pública da esfera privada, levando assim, a imbricação dessas duas esferas na construção da esfera social. Essa esfera transpôs a lógica privada das necessidades da vida para a dimensão pública das atividades políticas (homo politicus), e a necessidade passou a ser a fonte de valores e normas que definem as relações humanas.

BIBLIOGRAFIA:
ARENDT, H. A Condição Humana, cap. I e II
Segundo encontro: 25 de março
POLÍTICA: AÇÃO X TRABALHO
É no século XIX que Arendt observa a crescente naturalização das relações entre os homens, tratada pela autora no seu livro “A Condição Humana”, sob o signo de um crescimento não natural do natural. Entretanto, a preocupação de Arendt não implica a desvalorização do trabalho, o que se pretendeu foi denunciar a redução do homem a um animal que trabalha. Decorre disso, a transformação da política em gestão e administração
dos interesses privados, por meio da atividade de produzir e de consumir, de ter o trabalho conquistado o estatuto metafísico da objetivação incondicional de tudo, transformando o homem em matéria-prima ou mero recurso para os mais diversos agenciamentos tecnológicos.

BIBLIOGRAFIA:
ARENDT, H. A Condição Humana, cap.III
NASCIMENTO, M. O lugar do animal laborans e as transformações no mundo do trabalho

Terceiro encontro: 01 de abril
LIBERDADE -RAISON D’ÊTRE DE LA POLITIQUE
A invenção da liberdade tem seu lugar no tempo humano. Segundo Hannah Arendt, foi na antiguidade grega, quando os indivíduos passaram a viver politicamente organizados, que ela apareceu, tornando-se uma exigência no cenário humano como valor apriorístico nas relações entre eles. Este fenômeno, porém, não se caracterizou sempre da mesma maneira. No decorrer do tempo estimulou diferentes reflexões e, por diversas vezes, foi “reinaugurado” para responder às inquietações dos novos tempos históricos. Porém, independente de onde esteja assentado o conceito de liberdade, ela demonstra ser a conditio sine qua non da vida associativa satisfatória. A experiência de sua ausência foi, várias vezes registrada e todas elas revelaram-se trágicas para a existência humana.
BIBLIOGRAFIA:
ARENDT, H. Entre o Passado e o Futuro (vários capítulos)
NASCIMENTO, M. A Liberdade no Pensamento de Hannah Arendt (dissertação de mestrado)
Quarto encontro: 08 de abril
DIREITOS HUMANOS: afinal o que nos autoriza a falar da universalidade dos direitos
Só em um mundo plural e compartilhado entre homens e mulheres é possível reconhecer o sentido de humanidade, que, segundo Arendt, é o critério político-moral capaz de fundamentar e legitimar, juridicamente, a universalidade dos direitos. O Estado-nação, ao fundamentar a comunidade política em definições essencialistas e organizistas, foi responsável pela ruptura entre direitos e nação, direitos e cidadania. Os indivíduos que não têm acesso à cidadania, que não estão vinculados a uma determinada cultura nacional, a um Estado-nação, estão desprovidos dos direitos universais, estão excluídos e se encontram em situação de vulnerabilidade. E não há nada, até os dias de hoje, nenhum lugar que se apresente como um espaço político mundial, mas apenas uma realidade política vinculada a uma nacionalidade.

BIBLIOGRAFIA:
LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: a contribuição de Hannah Arendt, Revista Estudos Avançados, nº11. 1997
BRITO, Renata R. Os Direitos Humanos na perspectiva de Hannah Arendt .Revista Ética & Filosofia Política
NASCIMENTO, M. O que nos autoriza a falar da universalidade dos direitos humanos

Quinto encontro: 15 de abril
A BANALIDADE DO MAL
Para Arendt, a condição de ser supérfluo, atribuída ao próprio indivíduo moderno, transforma o exercício do poder numa instância seletora da vida e da morte. Mata-se em nome da vida, a vida é retirada sem que essa eliminação se configure em crime, em um fato jurídico. É a generalização do homem como ser supérfluo e descartável, apontado por ela na análise sobre a origem do totalitarismo e no sentido que deu ao cunhar a expressão “banalidade do mal”. É também a condição da “vida nua” do homo sacer, descrita por Agamben. Do homem que se encontra em tamanho estado de vulnerabilidade que o seu desaparecimento da face da Terra nem ao menos venha a se constituir em um fato jurídico.

BIBLIOGRAFIA
ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém (vários capítulos)
SOUKI, Nádia – Hannah Arendt e a banalidade do Mal
AGAMBEN, G. Homo Sacer – o poder soberano e a vida nua
Sexto encontro: 29 de abril
SÉCULO XXI – o infinitamente improvável
“Num mundo incompreensível e em constante mutação, as massas haviam chegado a um ponto em que, ao mesmo tempo, acreditavam em tudo e em nada, achavam que tudo era
possível e nada era verdade … Os líderes totalitários de massa basearam sua propaganda na correta suposição psicológica de que, sob tais condições, alguém poderia fazer as pessoas acreditarem nas afirmações mais fantásticas um dia e confiar que, se no dia seguinte fossem dadas provas irrefutáveis de sua falsidade, elas se refugiariam no cinismo; em vez de abandonar os líderes que haviam mentido para elas, elas protestariam que sabiam o tempo todo que a declaração era uma mentira e admirariam os líderes por sua superior inteligência tática.”(HA)
BIBLIOGRAFIA
HANNAH A. A dignidade da política: ensaios e conferências (vários capítulos)
___________ Origens do totalitarismo (vários capítulos)
AGAMBEN, Giorgio. Estado de Exceção
________ Homo Sacer – o poder soberano e a vida nua
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
AGAMBEN, Giorgio. Estado de Exceção. São Paulo: Boitempo, 2007.
________. Homo Sacer – o poder soberano e a vida nua. Belo Horizonte: EditoraUFMG,2007.
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. São Paulo. Ed. Forense Universitária, 1987.
________. Crises da República. São Paulo. Editora Perspectiva, 2004.
________. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
________. Sobre a Violência. RJ: Relume-Dumará, 1994
____________. Homens em tempos sombrios. Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
________. A dignidade da política: ensaios e conferências. Trad. Antonio Abranches. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1993.
________. A vida do espírito: o pensar, o querer, o julgar. Trad. Antonio Abranches. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1995.
________. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade
do mal. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das
Letras, 1999.
________. Responsabilidade e julgamento. Trad. Rosaura Eichenberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
ASSY, bethânia. Eichmann, banalidade do mal e pensamento em Hannah Arendt. In: MORAES, Eduardo J.; BIGNOTTO, Newton(Orgs.). Hannah Arendt: diálogos, reflexões, memórias. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001a. p. 136-165.
_______. Hannah Arendt: do mal político à ética da responsabilidade pessoal. In: AGUIAR, Odílio Alves et al. (Org.). Origens do totalitarismo: 50 anos depois. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.
_______. Hannah Arendt e a dignidade da aparência. In: DUARTE, André et al. (Org.). A banalização da violência: a atualidade do pensamento de Hannah Arendt. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2004. p. 161-171.
BERNSTEIN, Richard. ¿Cambió Hannah Arendt de opinión?: del mal radical a la banalidad del mal. In: BIRULÉS, Fina. Hannah Arendt: el orgullo de pensar. Trad. Xavier Calvo. Barcelona: Gedisa, 2002. p. 235-257.
________. El mal radical: una indagación filosófica. Trad. Marcelo Burello. Buenos Aires: Lilmod, 2004.
CORREIA, Adriano. Crime e responsabilidade: a reflexão de Hannah Arendt sobre o direito e a dominação totalitária. In: DUARTE, André et al. (Org.). A banalização da violência: a atualidade do pensamento de Hannah Arendt. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2004. p. 83-98.
Duarte , André. O pensamento à sombra da ruptura: política e filosofia em Hannah Arendt. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
ETTINGER, Elzbieta. Hannah Arendt e Martin Heidegger. Trad. Mario Pontes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.
KOHN, Jerome. O mal e a pluralidade: o caminho de Hannah Arendt em direção à Vida do espírito. In: AGUIAR, Odílio Alves et al. (Org.). Origens do totalitarismo: 50 anos depois. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001. p. 9-36.
KRISTEVA, Julia. O gênio feminino: a vida, a loucura, as palavras. Trad. Eduardo Francisco Alves. Rio de Janeiro: Rocco, 2002. Tomo I: Hannah Arendt.
SOUKI, Nádia. Hannah Arendt e a banalidade do mal. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.
WATSON, David. Hannah Arendt. Trad. Luiz Antonio Aguiar e Marisa Sobral. Rio de Janeiro: DIFEL, 2001.
YOUNG-BRUEHL, Elizabeth. Por amor ao mundo: a vida e a obra de Hannah Arendt. Trad. Antônio Trânsito. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1997.
BENHABIB, Seyla. The Rights of Others: Aliens, Residents and Citizens. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.
BRITO, Renata R. Os Direitos Humanos na perspectiva de Hannah Arendt .Revista Ética & Filosofia Política, UFJF, v.9, n.1, junho\2006. Disponível em:http://www.dhnet.org.br/direitos/filosofia/arendt/brito_dh_hannah_arendt.htm
FRATESCHI, Yara. Universalismo interativo e mentalidade alargada em Seyla Benhabib:apropriação e crítica de Hannah Arendt. Disponível em:

https://periodicos.ufsc.br/index.php/ethic/article/view/1677-2954.2014v13n2p363

LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: a contribuição de Hannah Arendt,
São Paulo, Cia das Letras. 1998.
LEFORT, Claude. Pensando o Político – ensaios sobre democracia, revolução e liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.
NASCIMENTO, Mariângela. Dissertação de mestrado: O Conceito de Liberdade no Pensamento de Hanna Arendt. Depto de Ciência Política/UFMG.1996
____________ A esfera pública na democracia brasileira: uma reflexão arendtiana. In: Hannah Arendt: entre o Passado e o Futuro. Nascimento M. e Correia, Adriano. (org.) JF: editora UFJF, 2008.
___________ O que nos autoriza a falar da universalidade dos direitos humanos, RJ, revista Lugar Comum, nº51, 2018
___________O lugar do animal laborans e as transformações no mundo do trabalho, RJ, revista Lugar Comum, nº 35-36, 2012
VIRNO, Paolo. Virtuosismo e Revolução. Rio de Janeiro:Civilização Brasileira,2008.
WAGNER, Eugênia Sales. Hannah Arendt e Karl Marx. SP:AteliêEditorial,2002.
LINKS:

https://soundcloud.com/riobravoinvestimentos/podcast-507-celso-lafer-hannah-arendt-para-entender-o-seculo-xxi

 

Maiores informações:  Tel: (71) 99142-0554

 

 

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